Culinária de Lisboa #39 - Bifes de vaca na grelha
Querida Mô,
Olhando para o passado e vendo o excesso de décadas de penúria face às de excelsa riqueza, pergunto-me como conseguiu Lisboa gerar tantas variações de pratos de bife de vaca. E, no entanto, folheando os dois mais recentes séculos, não faltam bifes segundo esta ou aquela casa de pasto, esta ou aquela profissão, desta ou daquela maneira. São, na maioria, variações subtis da mesma operação base, bem sei - mas se estas subtilezas sobreviveram na memória, imagine quantas frigideiras tiveram uso, quantos pratos foram des-molhados até à exaustão das reservas de pão, quanta cerveja e quanto vinho sublinharam a volúpia e a boa disposição que acompanharam o seu consumo!
Olhando para o passado e vendo o excesso de décadas de penúria face às de excelsa riqueza, pergunto-me como conseguiu Lisboa gerar tantas variações de pratos de bife de vaca. E, no entanto, folheando os dois mais recentes séculos, não faltam bifes segundo esta ou aquela casa de pasto, esta ou aquela profissão, desta ou daquela maneira. São, na maioria, variações subtis da mesma operação base, bem sei - mas se estas subtilezas sobreviveram na memória, imagine quantas frigideiras tiveram uso, quantos pratos foram des-molhados até à exaustão das reservas de pão, quanta cerveja e quanto vinho sublinharam a volúpia e a boa disposição que acompanharam o seu consumo!
Casa de Pasto, Travessa dos Remolares (Fonte: Arquivo Fotográfico Municipal ; Autor: Joshua Benoliel) |
Estive hoje no estúdio de uma amiga fotógrafa na Pensão Amor, conceito muito em voga na Lisboa do presente, um espaço que me faz lembrar a moda da barba cuidadosamente aparada de três dias: a falta de obras vira chic, o descuido vira fashion. Até o rosa choque com que há um mês brindaram a velhinha rua Nova do Carvalho esmaeceu para melhor integração na degradação arquitectónica do local... Saímos para almoçar num dos pequeninos restaurantes tradicionais que ainda resistem e eu só pensava que queria um bife. Não um bife. Um bifão. Uma orgiástica, tenríssima, ensanguentada, perfumada peça de tentação, um pecado perfeito como o meu tio Fernando gabava ter conhecido intimamente na Taberna Inglesa na esquina da Travessa dos Remolares...
BIFES DE VACA NA GRELHA
Tiras de carne do acém com 3 a 4 cm de espessura
Preparam-se brasas de carvão bem vermelhas mas sem deitarem fumo. Coloca-se a grelha sobre as brasas e, em estando esta bem quente, os bifes sobre a mesma.
BIFES DE VACA NA GRELHA
Tiras de carne do acém com 3 a 4 cm de espessura
Preparam-se brasas de carvão bem vermelhas mas sem deitarem fumo. Coloca-se a grelha sobre as brasas e, em estando esta bem quente, os bifes sobre a mesma.
Técnica:
Aguarda-se que comecem a aparecer pequenas gotas de sangue e viram-se os bifes. Aguarda-se que o sangue na face superior suba abundante à superfície. Retiram-se, temperam-se com sal e pimenta e colocam-se num prato aquecido indo imediatamente para a mesa.
Acompanhamentos:
Manteiga derretida, sumo de limão, salsa picada. Batatas assadas nas brasas.
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