A Feira do Fumeiro de Montalegre (II) - "Fumeiro, Janeiro, Montalegre, Animação"
A conservação do perecível - o muito perecível, o muito infrequente - ocupa parte da história da gastronomia e parte ainda mais importante na sobrevivência das populações de regiões isoladas e classes sociais desfavorecidas. Em Portugal, resistiu aos períodos de novo-riquismo e hoje, para além de sector económico importante, é traço identitário, motivo de orgulho e - principalmente - aconchego para todos os que encontram na gastronomia fonte de prazer e de justificação para muitos dos seus actos.
Ter prazer a comer (e ter acesso à comida) é um dom que deveria ser universal.
Montalegre, capital das Terras de Barroso, celebra desde há vinte cinco anos a sua riqueza patrimonial gastronómica, organizando ininterruptamente a Feira do Fumeiro. Durante 4 dias, um número cada vez mais consciente de produtores artesanais oferece a um número crescente de visitantes as suas criações de fumeiro, obtidas com os gestos comuns herdados de mães e avós e aprimorados ao longo de gerações. Um tronco que se enrama em tantas variedades quantos são os produtores, com cada um a usar o seu particular toque de modo, gosto ou forma. Todos iguais, todos diferentes.
Na 26ª edição que decorreu entre 26 e 29 de Janeiro estiveram presentes 91 produtores do concelho, dos quais 74 de fumeiro, os restantes de produtos igualmente artesanais como pão, folares, bolos, mel, compotas, ervas aromáticas e medicinais e licores.
Portugal no seu mais genuíno elemento: comida, bebida, música... tradicional contemporânea, sorrisos beatíficos, notas em quantidade trocadas de mão, sacos, sacolas e carrinhos ajoujados, camionetes de excursões especialmente organizadas, bombos, gaitas de foles, um ministro de Estado e um presidente de Câmara deleitados com tanta azáfama, tanta concretização, tanta audiência. O castanho a predominar em todos as suas variações, da cor de mel torrado ao vermelho castanho, dos capotes às botas altas, entremeado pelo aroma acre e apaladado do fumo.
Do fumeiro, recordem-se as alheiras,
o chouriço de abóbora,
a farinhota,
o presunto,
o salpicão,
a cabeça, os pés e a barriga de porco,
Dos derivados, a bica de carne e o folar de carne, refeição concentrada numa bucha... que pedem, em absoluto, a companhia dos vinhos regionais locais, como o Mont'Alegre.
Relativamente à vertente económica, de referir que, com um orçamento autárquico de 150 mil euros, o volume de negócios realizados foi superior a 3 milhões de euros (em 4 dias, é notável e diz bem da profunda notoriedade dos produtos e do absoluto amor que os consumidores lhes dedicam), com um número de visitantes da ordem dos 100.000.
Nota: Descritivos dos produtos elaborados tendo como fonte o site Produtos Tradicionais Portugueses, da DGADR - Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Parabéns sinceros a esta iniciativa, por parte de um aparelho administrativo-burocrático que não costumamos associar a tanto dinamismo. Que o erro seja o nosso, de avaliação!
Ter prazer a comer (e ter acesso à comida) é um dom que deveria ser universal.
Montalegre, capital das Terras de Barroso, celebra desde há vinte cinco anos a sua riqueza patrimonial gastronómica, organizando ininterruptamente a Feira do Fumeiro. Durante 4 dias, um número cada vez mais consciente de produtores artesanais oferece a um número crescente de visitantes as suas criações de fumeiro, obtidas com os gestos comuns herdados de mães e avós e aprimorados ao longo de gerações. Um tronco que se enrama em tantas variedades quantos são os produtores, com cada um a usar o seu particular toque de modo, gosto ou forma. Todos iguais, todos diferentes.
Vista geral (Fonte: CMMontalegre) |
Portugal no seu mais genuíno elemento: comida, bebida, música... tradicional contemporânea, sorrisos beatíficos, notas em quantidade trocadas de mão, sacos, sacolas e carrinhos ajoujados, camionetes de excursões especialmente organizadas, bombos, gaitas de foles, um ministro de Estado e um presidente de Câmara deleitados com tanta azáfama, tanta concretização, tanta audiência. O castanho a predominar em todos as suas variações, da cor de mel torrado ao vermelho castanho, dos capotes às botas altas, entremeado pelo aroma acre e apaladado do fumo.
Do fumeiro, recordem-se as alheiras,
o chouriço de abóbora,
a farinhota,
Farinhota Enchido com cerca de 10 cm de comprimento, feito com a massa dos chouriços e ensacado em tripa delgada |
o presunto,
o salpicão,
a cabeça, os pés e a barriga de porco,
Cabeça de porco fumada (em segundo plano, barriga de porco fumada) |
Bica de carne |
Bica de carne |
Folar de carne |
Nota: Descritivos dos produtos elaborados tendo como fonte o site Produtos Tradicionais Portugueses, da DGADR - Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Parabéns sinceros a esta iniciativa, por parte de um aparelho administrativo-burocrático que não costumamos associar a tanto dinamismo. Que o erro seja o nosso, de avaliação!
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