Amigos de Peniche
Belo tempo para descobrir velhas promessas. Sanduiche de feriado e fim-de-semana, Junho e a temperatura a - finalmente! - começar a chegar-se aos valores da estação, o mar a impor-se como o cluster mais promissor desta crise. Que tal ir a Peniche confirmar aquele Tempero de Mar de que tantas referências nos enchemos?
Ah. Hélas. Fechado. Definitivamente, pelo anúncio "cedência definitiva" colocado na montra. Provavelmente a consubstanciação deste programa -
Dar um novo colorido à gastronomia do Oeste - sendo o peixe da região o produto-rei (adquirido na lota de Peniche) - é um dos conceitos base do restaurante.
Tendo em conta as quatro estações do ano, a equipa, liderada pelos Chef Ricardo Cera e Subchef Marcos Silva, coloca toda a sua criatividade e técnica na cozinha que elabora. Questões como a sustentabilidade ambiental, por exemplo, – utilizando produtos do mar capturados através de métodos menos nocivos e, sempre que possível, ingredientes obtidos através de agricultura biológica – estarão sempre presentes nas nossas propostas gastronómicas, sem nunca esquecermos o enquadramento cultural e património gastronómico onde estamos inseridos.
A carta do Tempero de Mar não se limita aos produtos oceânicos. As refeições vegetarianas e de carne também constam da lista. Um leque de escolhas onde a cozinha contemporânea e a cozinha tradicional e regional se fundem, com o objectivo de oferecer sabores que ficarão por muito tempo na memória de quem os prova.
- não gerou muitos seguidores - o que é descoroçoante.
O dia não estava perdido, no entanto - ainda se tinha na manga outra referência, esta às cegas. E assim, após um percurso cheio de sinais proibidos finalmente deslaçados pelo GPS do tll, chegou-se à TASCA DO JOEL RESTAURANTE GOURMET.
Lista de espera, loja gourmet à ilharga e em jeito de introdução (com algumas coisas interessantes e uma garrafeira extensa quanto baste para a região), dois aparentes bons sinais de termos chegado a bom porto.
A ementa, colocada à entrada, causou as primeiras reticências: a par de um muito trivial anúncio de "peixe do dia" ("informe-se com o funcionário qual o peixe do dia disponível", o que até será expectável), "peixe da tasca" (chocos fritos, chocos grelhados, espetadas de peixe ou de lulas, sardinha assada, carapaus grelhados), mariscos, bacalhau (premium/do lombo/da tasca - frito ou assado) o grosso da carta é dedicado... à carne nas suas múltiplas aparições (aves, porco - preto e não-preto, javali, coelho, vaca - nacional, mirandesa, barrosã).
Viagem feita, hora adiantada, experimentar não ofende e foi o que se fez.
Como entrada, dois patés da casa, de atum e delícias do mar. Correctos, apaladados mas pouco imaginativos. Com tanta matéria prima fresca mesmo ao lado será necessário recorrer a produtos industriais? Entende-se a prática num dos restaurantes sem pretensões da avenida do Mar mas numa casa que faz questão de incorporar "Gourmet" no seu nome?
Como pratos principais, experimentaram-se a espetada de peixe
e um choco grelhado com tinta.
Da preparação não há nada a dizer, assadura no ponto. A apresentação da espetada, com o espeto pendurado sobre a frigideira com os acompanhamentos parece descabida, sem mais valia aparente, com a agravante de pingar os sucos do peixe sobre a salada. Esta segue a moda de tudo-ao-molho-e-fé-em-Deus, com a irritante adição da cenoura ralada, recurso fácil e despropositado.
Sobremesas sem história nem relevância.
Espaço dividido em várias salas, aparentando acrescentos sucessivos ao original, sem intervenção de arquitecto. Ar condicionado existente, contrariado pela incidência solar no tecto translúcido da sala onde ficámos.
Serviço simpático, com algum déficit no aconselhamento de vinhos.
O que concluir deste gourmet penichense? Que cumpre naquilo que é tradicional na terra - o peixe na grelha. Nisso não difere dos inúmeros restaurantes que lhe são concorrentes e enxameiam a avenida principal. O que me parece é que a outros voos quer abalançar-se esta tasca, tarefa louvável. A ser assim, porque não diversificar o tratamento da riqueza local em vez de buscar na carne a referência a que almeja? Como está não me chama a lá ir de propósito - chamará assim tantos? Talvez seja eu quem está enganado.
Cozinha: 3/5 ; Global: 12/20
Ah. Hélas. Fechado. Definitivamente, pelo anúncio "cedência definitiva" colocado na montra. Provavelmente a consubstanciação deste programa -
Dar um novo colorido à gastronomia do Oeste - sendo o peixe da região o produto-rei (adquirido na lota de Peniche) - é um dos conceitos base do restaurante.
Tendo em conta as quatro estações do ano, a equipa, liderada pelos Chef Ricardo Cera e Subchef Marcos Silva, coloca toda a sua criatividade e técnica na cozinha que elabora. Questões como a sustentabilidade ambiental, por exemplo, – utilizando produtos do mar capturados através de métodos menos nocivos e, sempre que possível, ingredientes obtidos através de agricultura biológica – estarão sempre presentes nas nossas propostas gastronómicas, sem nunca esquecermos o enquadramento cultural e património gastronómico onde estamos inseridos.
A carta do Tempero de Mar não se limita aos produtos oceânicos. As refeições vegetarianas e de carne também constam da lista. Um leque de escolhas onde a cozinha contemporânea e a cozinha tradicional e regional se fundem, com o objectivo de oferecer sabores que ficarão por muito tempo na memória de quem os prova.
- não gerou muitos seguidores - o que é descoroçoante.
O dia não estava perdido, no entanto - ainda se tinha na manga outra referência, esta às cegas. E assim, após um percurso cheio de sinais proibidos finalmente deslaçados pelo GPS do tll, chegou-se à TASCA DO JOEL RESTAURANTE GOURMET.
Lista de espera, loja gourmet à ilharga e em jeito de introdução (com algumas coisas interessantes e uma garrafeira extensa quanto baste para a região), dois aparentes bons sinais de termos chegado a bom porto.
A ementa, colocada à entrada, causou as primeiras reticências: a par de um muito trivial anúncio de "peixe do dia" ("informe-se com o funcionário qual o peixe do dia disponível", o que até será expectável), "peixe da tasca" (chocos fritos, chocos grelhados, espetadas de peixe ou de lulas, sardinha assada, carapaus grelhados), mariscos, bacalhau (premium/do lombo/da tasca - frito ou assado) o grosso da carta é dedicado... à carne nas suas múltiplas aparições (aves, porco - preto e não-preto, javali, coelho, vaca - nacional, mirandesa, barrosã).
Ir a Peniche comer carne, por melhor que a peça seja, parece-me o mesmo que ir à China comer carne de porco alentejana...
Viagem feita, hora adiantada, experimentar não ofende e foi o que se fez.
Como entrada, dois patés da casa, de atum e delícias do mar. Correctos, apaladados mas pouco imaginativos. Com tanta matéria prima fresca mesmo ao lado será necessário recorrer a produtos industriais? Entende-se a prática num dos restaurantes sem pretensões da avenida do Mar mas numa casa que faz questão de incorporar "Gourmet" no seu nome?
Para uma companhia mais alargada ficaram duas propostas que
Como pratos principais, experimentaram-se a espetada de peixe
e um choco grelhado com tinta.
Da preparação não há nada a dizer, assadura no ponto. A apresentação da espetada, com o espeto pendurado sobre a frigideira com os acompanhamentos parece descabida, sem mais valia aparente, com a agravante de pingar os sucos do peixe sobre a salada. Esta segue a moda de tudo-ao-molho-e-fé-em-Deus, com a irritante adição da cenoura ralada, recurso fácil e despropositado.
Sobremesas sem história nem relevância.
Espaço dividido em várias salas, aparentando acrescentos sucessivos ao original, sem intervenção de arquitecto. Ar condicionado existente, contrariado pela incidência solar no tecto translúcido da sala onde ficámos.
Serviço simpático, com algum déficit no aconselhamento de vinhos.
O que concluir deste gourmet penichense? Que cumpre naquilo que é tradicional na terra - o peixe na grelha. Nisso não difere dos inúmeros restaurantes que lhe são concorrentes e enxameiam a avenida principal. O que me parece é que a outros voos quer abalançar-se esta tasca, tarefa louvável. A ser assim, porque não diversificar o tratamento da riqueza local em vez de buscar na carne a referência a que almeja? Como está não me chama a lá ir de propósito - chamará assim tantos? Talvez seja eu quem está enganado.
Cozinha: 3/5 ; Global: 12/20
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