Dim Sum em Hong Kong
Já lá tinha ido num dia de casa muito cheia e, após um tempo interminável junto à porta sem que algum dos empregados se preocupasse em informar se a espera era pouca ou de desespero, desisti sem me sentir tentado a voltar.
Informações posteriores sobre a existência de listas paralelas para locais e turistas (nota bene: NÓS somos os turistas) se me aguçaram em muito a curiosidade também prolongaram a minha hesitação: comida para turista ocidental já a provei suficientemente para dela não fazer um objectivo de vida.
Até que (há sempre um até que nestas coisas dos textos para outrém, não é?) em passando pela rua à procura de inspiração para o jantar, lá estava a casa semi-vazia, a piscar o olho asiático, bah um dia não são dias, entremos e seja o que Confúcio ditar (pausa para um momento de erudição relativamente barata: Confúcio ditou "não faças aos outros o que não queres que te façam a ti"; é esperar que os cozinheiros cozinhem para mim o mesmo que pediriam para si próprios).
Primeira surpresa agradável: a profusão de variadades de dim sum, os pequenos "bolos" cozidos a vapor consumidos originalmente no Sul da China como pequeno-almoço ou aperitivo (tapa, snack, escolham a melhor palavra) que ganharam estatuto de delicatessen sem perder a popularidade de street food, espalhando-se pelo país e pelo mundo (para os que nunca cessam de querer saber mais: wikibrit ou wikiolé).
Entre conselhos e intuições, provaram-se estes, ainda fumegantes, infelizmente a aglomerarem-se na mesa que ordem de serviço é noção que não reside nestes estabelecimentos.
Bons. Bons mesmo sem o chá verde, tradicional acompanhamento de que prescindi.
Entretanto, por entre os hums e ahs da degustação chegou a versão local do Pato à Pequim.
Com alguns desvios em relação à versão canónica (falta de comparência dos "pinceis" de cebolinho w di pepino; carne em tiras e não em fatia) apresentou-se composto, com a pele estaladiça quanto baste para não deslustrar. Este é o prato ideal para a gulodice e a convivialidade, para ser comido em grupo, as mãos a chocarem-se ou em espera para formar os crepes mandarim (Pok Pang, ensina-me o Solomon) recheados com a pele e os vegetais picelados com o molho hoi sin. Pena ter vindo a meio dos dim sum - os crepes foram esfriando, colando-se os últimos entre si, nuam frente unida contra a degustação.
Pediram-se ainda uns espargos que, surpresa agradável, não eram de lata, com uma confecção que lhes realçou a textura e não lhes eliminou o sabor, ainda que se dispensasse tão lato aproveitamento das partes mais fibrosas.
Feita a estreia, é casa - e caso - para retomar: há por ali ainda muita descoberta a fazer.
Restaurante Grande Palácio Hong Kong
Rua Pascoal de Melo 8A, Lisboa
http://www.restaurante-chines.com
Abertos todos os dias 12:00-01:00
Informações posteriores sobre a existência de listas paralelas para locais e turistas (nota bene: NÓS somos os turistas) se me aguçaram em muito a curiosidade também prolongaram a minha hesitação: comida para turista ocidental já a provei suficientemente para dela não fazer um objectivo de vida.
Até que (há sempre um até que nestas coisas dos textos para outrém, não é?) em passando pela rua à procura de inspiração para o jantar, lá estava a casa semi-vazia, a piscar o olho asiático, bah um dia não são dias, entremos e seja o que Confúcio ditar (pausa para um momento de erudição relativamente barata: Confúcio ditou "não faças aos outros o que não queres que te façam a ti"; é esperar que os cozinheiros cozinhem para mim o mesmo que pediriam para si próprios).
Primeira surpresa agradável: a profusão de variadades de dim sum, os pequenos "bolos" cozidos a vapor consumidos originalmente no Sul da China como pequeno-almoço ou aperitivo (tapa, snack, escolham a melhor palavra) que ganharam estatuto de delicatessen sem perder a popularidade de street food, espalhando-se pelo país e pelo mundo (para os que nunca cessam de querer saber mais: wikibrit ou wikiolé).
Entre conselhos e intuições, provaram-se estes, ainda fumegantes, infelizmente a aglomerarem-se na mesa que ordem de serviço é noção que não reside nestes estabelecimentos.
cha siu pao |
cha siu cheung |
ha kao |
siu mai |
Bons. Bons mesmo sem o chá verde, tradicional acompanhamento de que prescindi.
Entretanto, por entre os hums e ahs da degustação chegou a versão local do Pato à Pequim.
Com alguns desvios em relação à versão canónica (falta de comparência dos "pinceis" de cebolinho w di pepino; carne em tiras e não em fatia) apresentou-se composto, com a pele estaladiça quanto baste para não deslustrar. Este é o prato ideal para a gulodice e a convivialidade, para ser comido em grupo, as mãos a chocarem-se ou em espera para formar os crepes mandarim (Pok Pang, ensina-me o Solomon) recheados com a pele e os vegetais picelados com o molho hoi sin. Pena ter vindo a meio dos dim sum - os crepes foram esfriando, colando-se os últimos entre si, nuam frente unida contra a degustação.
Pediram-se ainda uns espargos que, surpresa agradável, não eram de lata, com uma confecção que lhes realçou a textura e não lhes eliminou o sabor, ainda que se dispensasse tão lato aproveitamento das partes mais fibrosas.
Feita a estreia, é casa - e caso - para retomar: há por ali ainda muita descoberta a fazer.
Restaurante Grande Palácio Hong Kong
Rua Pascoal de Melo 8A, Lisboa
http://www.restaurante-chines.com
Abertos todos os dias 12:00-01:00
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