Bastaria um haiku - fosse eu versado nessa suprema arte da síntese - para descrever esta refeição: um belo, concentrado e perfeito cristal de um belo, alongado e perfeito momento.
Traduziria a beleza, o deslumbramento, o requinte, a arte gastronómica no seu auge, reunindo o gosto, o olfacto, a visão, o tacto num ideal alinhamento, o cérebro todo iluminado pela provocação múltipla de tantos estímulos, talentosos estímulos, perfeitos estímulos.
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Tomate frito com caldo dashi. Sem pele passado por fécula de batata depois deep fried em óleo.
Cogumelos enoki, pimento japonês. |
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Olho grande enrolado em jicama base miso e iogurte |
Imperfeito
haiku porque, na sua justeza, na sua súmula, na sua justiça, seria incapaz de conseguir traduzir o desprendido e desusado gesto de dádiva que toda esta refeição consubstanciou. Declaração total de amizade. Porta escancarada ao coração.
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Miso com ameijoas e mexilhão |
Teria de procurar o barroco jeito, a profusão palavrosa em tentativa ousada de profusão literária para tornar palpável a catadupa de emoções sentidas então e ainda sentidas. O excesso para apresentar o essencial, a curva para representar a linha.
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Sashimi - barriga de atum, olho grande, carapau, samão, polvo e lula |
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Cantaril em tempura |
Como se pode construir tamanha matriz a partir de tão poucas variáveis?
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Camarão de Espinho com molho de maçã e uvas olho de dragão |
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Olho grande grelhado com molho de nata
com acompanhamento de abóbora japonesa e cogumelos shimeji |
Como se pode explodir o nosso mundo interior com tão pacífica construção?
Ave Tomo, vivereturi te salutant.
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Bolo de chocolate |
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Bolo de queijo com claras |
Comentários
DF
Sente-se ao balcão e fique nas mãos do Chefe Tomoaki