Mauro Uliassi, despojamento divino
Das catedrais góticas queriam os homens fazer caminhos para o céu. Caminhos de ar, do incomensurável ar moldado pela luz e contido pelas cada vez mais esbeltas paredes. Silêncio. Recolhimento.
A fé construída sobre tão pouco. A felicidade dos homens construída com tão pouco.
"A cozinha deve manter-se simples. Cada prato não deve ter mais do que três elementos", defendeu o chef Mauro Uliassi na sua apresentação do passado Abril, no âmbito do Peixe em Lisboa.
Ténue linha, a diferença entre simplicidade - a arte de fazer do pouco, o muito bem - e simplismo - a inglória tentativa de fazer bem com menos do que o necessário.
Chef e proprietário do reconhecido restaurante homónimo, situado numa pequena vila da costa leste de Itália, Senigallia, distinguido com duas estrelas Michelin, Uliassi soube demonstrar na perfeição a sua ideia, deixando em quem o soube ouvir e ver a convicção de a grande cozinha ser também a capacidade de extrair grandes sabores, grandes prazeres do mais simples dos alimentos.
Uliassi vê-se como um replicante - alguém que transforma alimentos em emoções, replicando e evocando memórias -, retrato que muito nos entusiasmou. Não é todos os dias que um chef nos toca evocando as matérias do nosso coração - alimentação e emoção, sentidos e sentimentos.
"Tentamos traduzir na cozinha o que se imagina, o que se vive - comer estes pratos é cheirar o mar, é sentir o mar, é no fundo, viver o mar, a praia", disse.
Só (vi)vendo.
No final, assistência ida, na sequência de uma pequena troca de impressões sobre essa ligação entre sensi e sentimenti, uma pequena amabilidade: a demonstração de como, a partir de um pequeno pão, uma gamba e umas raspas de ostra congelada, se pode criar um maravilhoso, explosivo, memorável concentrado de mar que soube, por inteiro, invocar o sabor da água salgada, o cheiro da maresia, a humidade, a infância...
A fé construída sobre tão pouco. A felicidade dos homens construída com tão pouco.
"A cozinha deve manter-se simples. Cada prato não deve ter mais do que três elementos", defendeu o chef Mauro Uliassi na sua apresentação do passado Abril, no âmbito do Peixe em Lisboa.
Ténue linha, a diferença entre simplicidade - a arte de fazer do pouco, o muito bem - e simplismo - a inglória tentativa de fazer bem com menos do que o necessário.
Chef e proprietário do reconhecido restaurante homónimo, situado numa pequena vila da costa leste de Itália, Senigallia, distinguido com duas estrelas Michelin, Uliassi soube demonstrar na perfeição a sua ideia, deixando em quem o soube ouvir e ver a convicção de a grande cozinha ser também a capacidade de extrair grandes sabores, grandes prazeres do mais simples dos alimentos.
Uliassi vê-se como um replicante - alguém que transforma alimentos em emoções, replicando e evocando memórias -, retrato que muito nos entusiasmou. Não é todos os dias que um chef nos toca evocando as matérias do nosso coração - alimentação e emoção, sentidos e sentimentos.
"Tentamos traduzir na cozinha o que se imagina, o que se vive - comer estes pratos é cheirar o mar, é sentir o mar, é no fundo, viver o mar, a praia", disse.
Só (vi)vendo.
Eis o que acontece a uma composição depois de fortemente abalroada por um espectador ávido por um contacto imediato do terceiro graus |
No final, assistência ida, na sequência de uma pequena troca de impressões sobre essa ligação entre sensi e sentimenti, uma pequena amabilidade: a demonstração de como, a partir de um pequeno pão, uma gamba e umas raspas de ostra congelada, se pode criar um maravilhoso, explosivo, memorável concentrado de mar que soube, por inteiro, invocar o sabor da água salgada, o cheiro da maresia, a humidade, a infância...
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