Culinary Arts #3.09 - Terras de Barroso

Bem verdadeiras são as prédicas do Chefe Diniz a gabar as virtudes barrosãs. Não precisando de comer para crer, soube-me bem comprovar, provando. Provado ficou; duplamente provado.

Destas Terras de Barroso vieram o - incontornável, incomparável - fumeiro e a vitela. Veio cabrito de Larouca, truta salmonada do Cávado.


Veio o que, na minha escolaridade primária, ainda se chamava "o campo". Coisas de trincar e amar, elementos de uma natureza que ainda consegue ser pródiga e de saberes ainda não perdidos. Saberes, sabores...







Saberes que se aprendem, passo a passo, forjando o futuro.



Passando à sala.

Aquele mil-folhas de presunto e maçã e melão, pensamento em boa hora materializado, bem acompanhado de ainda outros sabores incomuns do fumeiro local,


antecedendo um cabrito a topear arroz e grelos, em expressões autónomas,


e um lombinho de truta límpida que custa a chegar à capital, tão-honesta-como-esta, (e ainda mais assim, quem se lembraria de lhe oferecer um raminho de flores de abobrinha?).


Mas a carne barrosã... que embaixadora! Senhora vibrante em dossel de pasta acabada de, compenetradamente, ser confeccionada, repare-se no convite ao pecado - não são deste modo construídas, de tentação e voluptuosidade, as demandas de sucesso?


E a sobremesa: excessiva, profunda, das terras frias, substância e açúcares, com lágrima vermelha a cortar a visão em mais que um sentido, glacial entre quentes seduções, também ela seduzindo.


Ah, Portugal profundo, quanto do teu sabor traz às lágrimas, por ti, o meu amor...

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