New Nordic Cuisine em Lisboa
Em 2005, 12 cozinheiros nórdicos subscreveram o que intitularam como Manifesto da Nova Cozinha Nórdica. Nele, estabeleciam as bases programáticas de uma refundação da comida tradicional da sua região, considerando que a mesma, quando comparada com as grandes cozinhas do mundo, não ficava a perder. Mais do que defender o uso exclusivo de ingredientes locais, propunham um retorno à utilização dos mesmos, de acordo com a disponibilidade sazonal, deles extraindo o máximo do seu potencial em termos de sabor e textura. Subjacente a estas opções, estava o desejo de promover a excelência da matéria-prima disponível (que os Governos dos vários países, após o sucesso mediático do Movimento, souberam aproveitar para melhor rentabilizar o filão do turismo e as exportações), explorando, através de técnicas tradicionais mas também das novas tecnologias (e aí mostrando total abertura para absorver influências estrangeiras), novas possibilidades de preparação e consumo desses mesmos produtos.
O Movimento foi ganhando força, criando adeptos dentro e fora do espaço nórdico, espalhando não só todo este "novo" modo de utilização dos produtos locais (a "nouvelle cuisine" já o tinha defendido, parcialmente influenciada pela cozinha japonesa) mas também algumas das técnicas que, no entender dos seus mentores, melhor os potenciam. Assim, técnicas como a fermentação, a "cozedura" a frio, por acção de ácidos naturais (por exemplo, sumo de limão), a fumagem a quente ou a frio, ganharam nova importância, ganhando terreno, nas cozinhas, às mais complexas técnicas moleculares (e, principalmente pela incapacidade de muitos em as aplicar convenientemente, de linguagem perto da exaustão).
Carsten Lunding e Thorleif Olausen, são dois cozinheiros dinamarqueses que decidiram viajar até ao Sul da Europa (originalmente, segundo os próprios, a intenção era seguir até Marrocos), tendo aportado a Lisboa em Março e por cá permanecido cerca de dois meses.
Carsten Lunding |
Thorleif Olausen |
Com a missão de divulgar os princípios da New Nordic Kitchen, realizaram apresentações um pouco por toda a cidade e arredores, tendo realizado um seminário no ISA, a que assisti, composto por uma palestra onde foram apresentados os princípios atrás explicados, seguida por uma sessão de preparação e degustação de alguns pratos, demonstrativos do anteriormente explicado.
a "Salada de queijo de cabra e nozes" pareceu totalmente trivial,
enquanto o "Pé de porco, tomate, alcaçuz" surpreendeu pela positiva combinação entre a carne de porco e o, pouco conhecido no presente mas com história na gastronomia nacional, alcaçuz.
Já as "Ovas de bacalhau, ostras, salicórnia, creme fraiche" foram um prato muito à maneira dos gostos suaves dos países nórdicos, a desiludir este comensal luso, pela falta de força.
Igualmente pouco vibrante para a gulodice nacional, foi a sobremesa, "Sabugueiro e soro de leite coalhado".
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