À Maria José

As suas mãos eram o seu espelho, diziam exactamente o que era e o que dela poderíamos esperar: fazia, não mandava fazer; criava, não mandava criadar; expunha, não maquilhava.


É fácil dizer que ficamos mais pobres quando perdemos alguém que nos marcou, quando um dia suspendemos o gesto ou a palavra por nos apercebemos que o destinatário não o é mais - o difícil é conviver no silêncio com essa ausência, com a dificuldade de readaptarmos o quotidiano a esse vazio, com o nos reconstruirmos, criarmos novas sinapses que passem por cima da dor que apaguem a dor ou a tornem apenas dormente.


Gostava da Maria José. Dos seus olhos brilhantes, do entusiasmo pelo Poial, pelas novas descobertas que continuamente fazia e com todos partilhava, por aprender, sempre aprender.















Gostava de acreditar que um dia nos reencontraremos e eu lhe darei notícias da quinta, de como a Joana a segurou e fez crescer ainda mais, de como cada nova estação a celebra, de como a bergamota que plantámos há um Domingo é ela e cada vez mais ela e para mim o seu aroma passou a dizer MariaJosé, de como foi bonita a festa, Zé, e as amigas e amigos e a Joana, o Chico, a Helena, a celebraram celebrando a vida, a mesa, o convívio e as crianças brincavam e lembravam que também há - sempre haverá - amanhã.









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