Restaurantes na Internet: Video killed the radio star?

Entretido a ler um artigo do crítico de restaurantes do New York Times, Pete Weller, sobre a influência da fotografia na cena restaurativa nova-iorquina, dei comigo a fazer comparações com a realidade lisboeta.

Eis parte do texto de Pete Wells:

Photography is now the main way we communicate about restaurant cooking. As a word guy I hate to say this, but it’s true. (...)

At the time, restaurant designers were just starting to think about lighting the dining room so people could take better pictures for Instagram. Now they talk openly about it, and you see it everywhere. It’s the thing that killed off the last trend in lighting, those amber-colored dangling Edison bulbs.

Now everybody is installing pin spots in the ceiling pointing straight down at the table, which is why you see all these very sharp and high-contrast pictures of plates on Instagram. The restaurants are doing this because it’s largely free marketing. (...)

This solves one of the main problems that restaurants used to have in the days when “old” media was the only game in town: How do you keep people talking about your place after the initial buzz dies down? (...)

Besides the marketing, there are creative implications. For one thing, chefs are much more focused now on sending out food that photographs well. So I end up eating a lot of flowers and leaves that don’t really taste like much but make the plate more colorful, because most cooked food is brown. Ditto all the boards and slates and rocks that are being asked to stand in for plates."

Apesar desta ilusão de contemporaneidade dada pela Internet, tão distantes andamos nós deste mundo de brutal competição! Não sei em quantos novos restaurantes que por estes dias abrem terá feito parte do caderno de encargos dado ao arquitecto ou ao decorador a necessidade de prever iluminação específica que, simultaneamente, mantenha a ambiência desejada e garante os lux suficientes para permitir a iluminação correcta para a manutenção da fotogenia dos pratos num ecrã de telemóvel.



Lembro-me de quando comecei (não há tanto tempo assim, e era quase um acontecimento eu entrar de "canhão" a tiracolo) a dificuldade que algumas salas apresentavam para se obter uma fotografia decente (talvez o "Assinatura" fosse o mais paradigmático) e a incompreensão que os meus lamentos obtinham - terá tanto mudado o presente?



Estarão os restauradores de Lisboa preparados para utilizar a seu favor as potencialidades que uma boa visualização da sua oferta possui?



Saberão o seu valor e estarão dispostos a investir na criação de condições para o aproveitar?

Bom, flores nos pratos (já) não faltam...